segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Leite com Chocolate: Para viver em comunidade, por vezes, temos que ser menos nós e mais pelos outros

  Sim, nem todos o dizem. Mas também nem todos sabemos quem foi o 16º presidente dos Estados Unidos ou conhecemos a lenda da Lagoa das sete cidades e, acima de tudo nem todos gostamos de brocolis sautés. No entando, por alguma razão, desde pequenos nos foram introduzindo umas palavras no cérebro, conhecidas entre os mais novos, por mágicas.
 
Durante algum tempo coloquei-as num pedestal. No grande saco intitulado de O que (não) devemos dizer para evitar o castigo e outras torturas e nunca as compreendi. E sem que as compreendesse, as entoava. Como se dum hino se tratasse, dum grito de guerra antitético!
  Largos anos passaram desde a últimas vez que me debrucei sobre a temática "boas maneiras e afins" e chego novamente à conclusão que nunca as assimilei. Entendo o seu significado, relaciono-o, aplico-o, porém, é-me estranho. Faz todo o sentido, concordo plenamente com a sua popularidade mas na verdade, já lá vai o tempo em que o branco era sinónimo de ausência de cor.

"Bom dia Sr., como vai?" , "Obrigada pela sua atenção!" ou "Por favor, pode passar-me o arroz?" são clássicos. Mais que a Grécia da antiguidade. Mais que a Madonna ou que os Doors, pois são diariamente, por todo o mundo e nos devidos idiomas, são repetidos. São tão mainstream e tão não do indie. Usam-se demasiado e cada vez menos. São paradoxos em forma de código social. Bons, óptimos, vagos.

 O "Bom dia Sr, como vai?" significa exactamente o quê? Quem pergunta, espera uma resposta? Quer realmente ter uma? Não. Na maior parte das vezes ficamos incomodados quando a outra face da moeda nos dá feedback. Sentimos-nos deslocados, bombardeados com história e estórias que não queremos ouvir. Achamos-nos melhores que nada e, damos como nada o que na verdade é mediano. Habituamos-nos a querer mais e mais, como monstros verdes que vivem em pântanos. Queremos fazer-nos ouvir, queremos ser amados, mas sem por isso, ouvir os outros.
 Ai, o doce sabor do egoísmo, da individualidade, da ascensão social, do distanciamento do humano/terreno. Somos Deuses e somos tão pequenos e dispensáveis.
 
Quantos "bom dia" dizes por dia? A entoação é sempre a mesma? Quantos, de facto, desejaste?

 A hipocrisia é detestável. Para viver em comunidade, por vezes temos que ser menos nós e mais pelos outros. A verdade deve sempre prevalecer, a menos que a sua omissão, nunca a mentira, evite problemas consideráveis. 
 


 Onde quero chegar é: Dizer bom dia, obrigada, por favor, pode ser desprovido de qualquer tipo de significado para mim, para ti, pode não ter verdade nenhuma, e pode significar o mundo para alguém.

LL

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