Acabam sempre por partir. Estão presentes, mas não fisicamente.
Não, não é de entes queridos que se finaram que falo. Refiro-me a entes queridos que viajaram.
Por muito tempo.
Será mais fácil ir ou ficar?
Fácil não é certamente. Nem ir, muito menos ficar.
Ficar, só por si, carrega uma conotação forte. Neste caso tende a cair para a estagnação...
E só por mim, estou.
Fico.
Existo.
Não, também não é uma fase de crise existencial.
Ou se calhar é, sem ser.
Não se trata de uma crise existencial acneica.
A consciência, a clarividência, a ponderação...São qualidades, noutras circunstâncias.
Trata-se de um combinado resultante no insustentável peso do ser.
De um peso paradoxal, que é na realidade, tão leve que existe na forma de buraco na alma.
Quero e preciso de deixar partir a mulher de 40 anos que habita em mim.
Preciso de a enterrar. Estou até a pensar começar a tratar-lhe do funeral!
Ela sabe que música gostaria de ter como pano de fundo, o que vestiria, quem gostaria que estivesse presente.
Ela sabe demasiado.
Terei de a matar.
Ela come-me as entranhas e eu sem estranhar.
Mas hoje estranho!
Estou pronta para chegadas.
Estarão as chegadas prontas para mim?
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